terça-feira, 26 de maio de 2009

MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO - MIT 2009


Centro Cultural Banco do Brasil reúne espetáculos de alguns dos mais importantes grupos da
Argentina, Itália, Rússia e Espanha.


Realizada desde 1995 pelo Centro Cultural Banco do Brasil – em parceria com o Festival Internacional de Londrina (FILO) – a Mostra Internacional de Teatro – MIT 2009, que já trouxe importantes grupos do teatro mundial como Odin Teatret, da Dinamarca, Peter Brook, da França, La Tropa, do Chile, e Akhe Group, da Rússia, inicia sua quinta edição no Rio de Janeiro, no dia 05 de junho, no Teatro I do CCBB.


Para essa edição, a mostra reúne espetáculos de linguagens bastante diversas, mas que apresentam um ponto em comum: todos investigam questões relacionadas à convivência do ser humano consigo mesmo e com os outros. O espetáculo de abertura, Semianiky, da Rússia, apresenta o trabalho clownesco do renomado Teatr Licedei, nos dias 5, 6 e 7 de junho.

Na semana seguinte, La Omissión de la Familia Coleman, da companhia Timbre 4, da Argentina, traz uma tragicomédia sobre a incapacidade de convivência, nos dias 12, 13 e 14.

Na terceira semana, a fisicalidade do grupo espanhol loscorderos s.c., apresenta Crônica de José Agarrotado, nos dias 19, 20 e 21. E, fechando a mostra, nos dias 26, 27 e 28, será a vez de Pépé e Stela, um belo e profundo trabalho do Teatro Gioco Vita, da Itália, que conta, na linguagem do teatro de sombras, a história de amizade entre um menino e um cavalo.

Sob a curadoria de Luiz Bertipaglia, o evento ficará em cartaz no Teatro I, de sexta a domingo, às 19h30. A mostra acontece também no CCBB de Brasília.


ESPETÁCULOS:

· A OMISSÃO DA FAMÍLIA COLEMAN – Cia Timbre 4 (Argentina)

Uma família argentina de classe média baixa atravessa uma situação econômica muito difícil. Memé, a mãe, é muito infantil para lidar com tudo o que enfrenta, os seus filhos, quatro jovens adultos, têm, cada um, seus próprios problemas, e a avó é a autoridade moral da casa. A vida vai correndo com normalidade até ao dia em que a avó fica doente. No hospital, todos aproveitam para se aquecer, comer, tomar banho porque em casa já não é possível. Os conflitos acentuam-se e a família Coleman vai debatendo-se entre o absurdo do cotidiano e a violência. O humor é negro e corrosivo e vai levar o espectador a reconhecer nos Coleman algumas de suas próprias tragédias familiares.

A Família Coleman vive no limite da dissolução, uma dissolução evidente, mas secreta; convivendo numa casa que os contém e detém, construindo espaços pessoais dentro de espaços compartilhados, cada vez mais complexos de conciliar, os Coleman traduzem, com muita graça, situações contemporâneas. Uma convivência impossível, na qual a violência se instala como natural e patética e onde se ignora o outro.

A OMISSÃO DA FAMÍLIA COLEMAN é a primeira obra do autor e encenador Claudio Tolcachir, conhecido pelo desempenho como ator no filme O Passado, de Hector Babenco.

Ficha técnica
Texto e direção: Claudio Tolcachir
Intérpretes: Jorge Castaño, Araceli Dvoskin, Diego Faturos, Tamara Kiper, Inda Lavalle, Miriam Odorico, Lautaro Perotti, Gonzalo Ruiz
Assistência de direção: Gonzalo Ruiz e Macarena Trigo
http://www.alternativateatral.com/critica115-la-omision-de-la-familia-coleman



· PEPE E STELLA – Teatro Gioco Vita (Itália)
Uma trupe italiana e o texto de uma sueca que está entre as maiores escritoras contemporâneas de literatura infantil. Uma linda história de amizade entre uma criança e um cavalo de circo que tem o sopro e a universalidade do mito. Uma Odisséia de bolso que fala de separação, espera e retorno, na qual o cavalo Stella, consegue salvar-se do matadouro, atravessar a morte e enfrentar milhares de outros perigos. Uma viagem ao desconhecido, traçada pelas estrelas, que conduz nossos dois heróis a deixarem para trás a potência da infância em nome da frágil beleza da vida de um homem.

Entre Pepe e Stella, nascidos na mesma noite, no grande circo da cidade, uma amizade indestrutível é forjada. Uma amizade de um tipo muito especial, levando o menino e o cavalinho a trabalharem juntos numa atração circense. Inseparável, o duo partilha tudo: jogos e números cada vez mais perigosos. Até que um dia, no momento de executar o número, o cavalo Stella tem medo e fraqueja. É quando o diretor do circo decide desfazer-se do animal. Começa então uma longa jornada de Stella ao desconhecido, uma sucessão de aventuras pelas quais terá de passar para finalmente reencontrar seu amigo.

A história foi escrita por uma das mais importantes autoras de literatura infantil no mundo contemporâneo, a sueca Barbro Lindgren. Seu leve toque dá graça e poesia à história simples de uma amizade, com uma trama cheia de idéias e emoções fortes. As sombras do Teatro Gioco Vita restituem a delicadeza de cada cena, sempre suspensa entre o real e o fantástico.

O Teatro Gioco Vita (de Piacenza, Itália) é um dos responsáveis pela renovação do teatro de sombras na Europa. A companhia nasceu como Teatro Estável e Centro de Produção, Promoção e Pesquisa Teatral no campo da experimentação e do teatro para a infância e a juventude. O grupo se formou em Turim no final dos anos 1960 e transferiu-se para Piacenza em 1976, onde funciona até os dias atuais.

Ficha técnica
Direção: Fabrizio Montecchi
Formas: Nicoletta Garioni
Música: Michele Fedrigotti
http://www.teatrogiocovita.it/


· SEMIANYKI (A FAMÍLIA) – Teatr Licedei (Rússia)

Mais recente espetáculo do grupo de clown russo Teatr Licedei, criado em 1968 pelo grande Slava Polunin e considerada a mais importante companhia de teatro-clown da Rússia. SEMIANYKI (A FAMÍLIA) é uma tragicomédia sobre uma família desestruturada e marginal. A história começa com o pai ameaçando a mãe de abandona-la quando está grávida do seu quinto filho ou filha. É o retrato de uma família enlouquecida, uma luta incessante de poder entre um pai alcoólatra que constantemente ameaça largar mulher e filhos, a ponto de deixar as crianças loucas e querendo matar seus pais pelo simples fato de existirem.

Todos estes acontecimentos terminam com um final sublime e feliz, explorando um mundo em colapso, esmagado entre um parto eminente e a volta ao lar do pai pródigo: “A Família supera o caos total e a vida continua!” Loucura poética, fúria criativa, humor corrosivo são características da encenação, que prescinde da palavra como forma de comunicação. A peça aposta na linguagem dos palhaços e homenageia estes artistas misturando o tradicional e o contemporâneo, sem deixar de aprofundar-se na maravilhosa sensibilidade russa.

O Teatr Licedei tem muitos anos de estrada. Foi criado a partir de um espetáculo do mesmo nome (que traduzido significa literalmente mímica), em 1968, na antiga Leningrado, como o primeiro teatro russo de clowns e marionetes por Slava Polunin, considerado por muitos como o maior palhaço do mundo e responsável por alguns dos mais prestigiados números de clown do Cirque du Soleil.

Ficha técnica
Direção artística e cenografia: Boris Petrushansky
Intérpretes: Olga Eliseeva, Alexandr Gusarov, Kasyan Ryvkin, Marina Makhaeva, Elena Sadkova, Yulia Sergeeva
http://www.licedei.com/


JOVEM PRÍNCIPE E A VERDADE – Studio Théâtre de Stains (França)

Espetáculo criado sobre roteiro de Jean-Claude Carrière, conhecido roteirista, diretor, dramaturgo e escritor de cinema e encenado pela Studio Théâtre de Stains, companhia atuante em Paris desde 1984. Um conto filosófico atemporal, baseado nas fontes da sabedoria universal. Uma oportunidade de abordar questões sobre a exploração da história dos outros e da nossa própria história.

A encenação utiliza a linguagem do teatro de máscaras e de marionetes para falar da eterna busca do homem pela verdade. Um jovem príncipe se apaixona pela filha de um camponês. Mas este promete lhe dar a mão da filha apenas se o pretendente encontrar a Verdade. Começa assim uma longa viagem através do mundo, e além dele até... Encontrar a verdade é a ambição do jovem príncipe, mas é projeto tão grande que irá se revelar impossível.

Nesta encenação, marionetes e máscaras são bastante assustadoras. São caricaturas de personagens e ilustram, de forma muito assertiva, uma crítica à gente mentirosa e egoísta com a qual as pessoas se deparam no cotidiano: o juiz incompetente, os cozinheiros trapaceiros e vários outros que conhecemos por aí. O JOVEM PRÍNCIPE E A VERDADE apresenta uma visão um tanto obscura da sociedade, talvez até pessimista, que confronta a eterna busca humana pelo conhecimento e o encontro de cada pessoa consigo mesma. A cenografia é composta de malas, um símbolo da viagem através do mundo, da descoberta do conhecimento, que todo homem busca e ninguém nunca encontra.

Ficha técnica
Roteiro: Jean-Claude Carrière
Encenação: Marjorie Nakache
Intérpretes: Pauline Delerue, Xavier Marcheschi, Sonja Mazouz, Marjorie Nakache, Béatrice Ramos
Cenário e máscaras: Geneviève David
Concepção de marionetes: Alexandra Shiva-Mélis - Marionetes: Pauline Delerue
http://www.studiotheatrestains.fr/

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